Rio de Janeiro - A madrugada desta quarta-feira (29) no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, transformou-se em um cenário de luto e revolta. Moradores se mobilizaram para retirar da mata e levar para a Praça São Lucas pelo menos 44 corpos, um dia após a megaoperação policial que já era considerada a mais letal da história do estado.

O governo do Rio havia divulgado um balanço oficial de 64 mortes — sendo 60 supostos criminosos e 4 policiais. No entanto, o achado macabro pelos próprios moradores levanta a possibilidade de o número real de vítimas ser drasticamente maior, ultrapassando a marca de 100 e superando massacres históricos no país.

Contagem Extraoficial Eleva o Número de Mortes

Os corpos, retirados da área de mata que divide os complexos da Penha e do Alemão, não estavam incluídos no balanço oficial até o momento, conforme confirmou o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira. A cena dos corpos enfileirados na praça, muitos com sinais de violência extrema e em estado de decomposição, chocou o país e mobilizou defensores dos direitos humanos.

Relatos de moradores e ativistas que participaram da remoção apontam para uma situação de "carnificina" e "extermínio". Informações preliminares, não confirmadas oficialmente, indicam que alguns corpos apresentavam sinais de tortura, ferimentos por facadas e, em um caso, a vítima teria sido decapitada.

Perícia e Investigação em Foco

A Defensoria Pública do Rio e movimentos sociais pressionam por uma investigação rigorosa. Uma perícia será realizada para tentar estabelecer a conexão dessas mortes com a operação policial, o que pode aumentar o total de vítimas e intensificar o questionamento sobre a letalidade das forças de segurança.

A operação, que envolveu um grande contingente policial e armamento pesado, tinha como objetivo cumprir mandados de prisão contra membros de uma facção criminosa. Apesar das críticas e do alto número de mortes, o governador do Rio, Cláudio Castro, defendeu a ação, classificando-a como um "sucesso" no combate ao crime organizado.

Enquanto isso, a Praça São Lucas se tornou o epicentro de uma tragédia humanitária, com familiares em desespero tentando reconhecer seus entes queridos em meio a um luto coletivo que expõe, mais uma vez, a política de segurança pública do estado e o drama da violência nas favelas cariocas.


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