As declarações do deputado federal Coronel Ulysses Araújo, feitas durante sua participação em podcast nesta quinta-feira (30), de que os antigos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) no Acre cobravam propina de empresas privadas – incluindo a Estação VIP Segurança Privada Ltda., de sua esposa – continuam a gerar forte repercussão e controvérsia no cenário político do estado.

Repercussão das Acusações: Coronel Ulysses Diz que Governos do PT no Acre Cobravam Propina da Empresa de Sua Esposa.

A acusação do Parlamentar

Coronel Ulysses afirmou no podcast que empresas privadas teriam sido "chantageadas" durante as gestões petistas no Acre. Ele citou nominalmente a empresa de sua esposa, a VIP Segurança, como uma das supostas vítimas do esquema. De acordo com o deputado, a empresa teria ficado seis meses sem receber recursos do governo, totalizando mais de R$ 3,5 milhões, e só receberia se concordasse em fazer uma "reunião", sugerindo a cobrança de propina.

"A empresa foi chantageada. Estava com seis meses sem receber os recursos do governo, mais de três milhões e meio. Se não fizesse a reunião, não receberia. Era assim que funcionava." - Coronel Ulysses, durante o podcast.

A Resposta do PT do Acre

Em resposta imediata e enérgica, o Partido dos Trabalhadores do Acre (PT-AC) divulgou uma nota oficial nesta sexta-feira (31), intitulada “Em defesa da verdade, da honra e da história do Acre”, repudiando veementemente as declarações do deputado.

O PT classificou as falas de Coronel Ulysses como "falsas, levianas e irresponsáveis" e anunciou que tomará medidas judiciais contra o parlamentar. O comunicado, assinado pelo presidente estadual da sigla, André Kamai, alega que não há qualquer prova documental ou testemunhal que sustente as acusações e destaca que os ex-governadores petistas (Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana) nunca foram investigados, indiciados ou denunciados por corrupção.

Argumentos do PT-AC:

Omissão e Conivência: O partido ressaltou que, na época em que a suposta "chantagem" de 2014 teria ocorrido, Coronel Ulysses ocupava um cargo de comando na Polícia Militar, sob a estrutura do governo que hoje ele acusa. O PT argumenta que, caso o coronel tivesse conhecimento de um crime, sua omissão em denunciá-lo ou efetuar a prisão em flagrante seria um ato de conivência e prevaricação, conforme previsto no Código Penal Militar e no Código de Processo Penal.

Nomeação Posterior: A nota também lembra que o deputado foi promovido a subcomandante-geral da Polícia Militar em 2016, nomeado pelo então governador Tião Viana, um dos alvos de suas atuais acusações, o que, para o PT, reforça a incoerência das palavras.

Desenrolar do Caso

As acusações de Coronel Ulysses e a reação do PT-AC injetam um novo ponto de tensão no cenário político acreano. Com o anúncio de ações judiciais por parte da sigla, o caso deve evoluir para a esfera legal, exigindo que o deputado apresente provas para sustentar suas graves alegações contra os antigos governos estaduais.

O episódio levanta questionamentos sobre a conduta de gestões passadas e sobre a razão pela qual as denúncias, caso verdadeiras, só vieram a público após tanto tempo, por parte de um agente público que ocupava posição estratégica dentro da própria administração à época.



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