Por Aberson Carvalho
O ambiente escolar
precisa ser defendido com clareza. A escola é, por essência, um espaço de
aprendizagem, convivência e esperança. Mas, quando os reflexos da violência
social atravessam seus portões, é dever do poder público responder com firmeza
e responsabilidade. No Acre, temos enfrentado esse desafio com políticas concretas,
parcerias estratégicas e, acima de tudo, com a certeza de que a cultura de paz
começa na educação.
O que acontece nas
escolas reflete a sociedade, marcada por desafios que exigem respostas
coordenadas, presença ativa e responsabilidade de todos. Na Secretaria de
Estado de Educação e Cultura, atuamos com clareza e firmeza para que cada
estudante encontre, na escola, um espaço seguro, respeitoso e capaz de promover
sua formação integral.
O governo Gladson Camelí
investiu mais de R$ 12 milhões para fortalecer a segurança nas escolas
estaduais, ampliando o policiamento escolar, com 22 viaturas em circulação, e
garantindo a instalação de videomonitoramento em diversas unidades. Mas a
escola não se faz só com muro, portão e câmera. Nosso trabalho vai além:
alcança o cuidado humano. A atuação dos psicólogos e assistentes sociais tem
sido essencial para apoiar equipes gestoras, professores e estudantes. Diante
de situações de conflito, nosso protocolo é claro: acionamos conselhos
tutelares, policiamento escolar e, principalmente, as famílias. Em muitos
casos, tratamos de adolescentes, e é na família que começa qualquer resposta
duradoura.
Aliás, esse é um ponto
que precisa ser dito com muita honestidade. A sociedade tem deslocado para a
escola uma série de responsabilidades que são, na verdade, do lar. E isso não é
justo. A escola ensina. Ensina matemática, ensina português, história, geografia,
ensina ciência, mas o que orienta o comportamento, o respeito ao próximo, os
limites para conviver em comunidade… isso não é responsabilidade isolada da
escola. Isso começa dentro de casa. Por isso, faço aqui um apelo muito claro
aos pais e responsáveis: precisamos reconstruir, juntos, esse pacto. A educação
é uma ponte, mas essa ponte precisa ser construída dos dois lados.
Nosso compromisso também
está nas ações formativas. A Semana da Convivência Escolar é exemplo disso: uma
mobilização com milhares de estudantes, professores e gestores em todo o
estado. Roda de conversa, oficinas, atividades restaurativas, campanhas sobre
empatia, cidadania, autocuidado e combate ao bullying. Convivência saudável
também se aprende e precisa ser cultivada no dia a dia da escola.
Outro ponto fundamental é
o trabalho interinstitucional. Não estamos sozinhos nessa missão. Atuamos com o
Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, conselhos
tutelares, forças de segurança e rede de assistência social, e dessa união
surgem programas como o “Justiça Restaurativa nas Escolas” e o “Defensores do
Futuro”, que fortalecem a proteção e ampliam o protagonismo dos estudantes.
Esse esforço é
permanente, não se limita a eventos. O Seminário de Segurança Escolar na regional
do Alto Acre, promovido pelo Departamento de Segurança Escolar, reuniu mais de
200 profissionais da educação para refletir sobre práticas, protocolos e
construção coletiva de soluções e foi mais uma oportunidade de reafirmar que
segurança escolar é responsabilidade compartilhada por toda a sociedade.
Sabemos também que a
violência não está só no espaço físico, e também circula nas redes sociais e
nos grupos de conversa. E, muitas vezes, o que começa no celular repercute na
sala de aula. Com apoio do Núcleo de Tecnologia Educacional, estamos
trabalhando na formação de estudantes e professores sobre segurança digital,
uso responsável da internet, ética, respeito e combate à desinformação, com
oficinas voltadas ao tema nas escolas e também à nossos professores.
Nosso objetivo é simples,
mas exige grande compromisso. Queremos que cada escola do Acre seja um lugar
onde o estudante possa aprender, conviver e crescer com dignidade, e isso não
se constrói com ações isoladas. Isso se constrói com investimento, escuta,
diálogo e, principalmente, com responsabilidade compartilhada entre Estado,
escola e família. Cuidar da escola é cuidar do futuro e esse é um compromisso
que não abrimos mão de honrar.
*Aberson
Carvalho é sociólogo, gestor público com trajetória em segurança, meio ambiente
e políticas sociais, atualmente secretário de Educação e Cultura do Acre.

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